Projeto:
A MATEMÁTICA MODERNA NAS ESCOLAS DO BRASIL E DE PORTUGAL: ESTUDOS HISTÓRICOS COMPARATIVOS

Coordenação José Manuel Matos e Wagner Rodrigues Valente

Financiamento: CAPES - GRICES

Situação:

Projeto em fase de desenvolvimento.

Extrato do projeto:
No âmbito da educação matemática, uma das áreas consideradas universais por sua presença nos currículos escolares em todos os países, é relevante que se volte a atenção para estudos comparativos. Assim, desde o final do século XIX, pelo menos, matemáticos e educadores de renome internacional interessaram-se por esses estudos.

Em 1908, em Roma, durante a realização do IV Congresso Internacional de Matemática, foi dado início a um levantamento da educação matemática praticada em diferentes países, a partir da criação de uma comissão internacional, que resultou na primeira proposta de internacionalização do ensino de Matemática.

O Brasil, dentre muitos outros países, foi convidado a participar das discussões promovidas pela IMUK (Internationale Mathematische Unterrichtskommission) ou CIEM (Commission Internationale de l'Enseignement Mathématique).

Esteve à frente da Comissão o matemático alemão Felix Klein. Em meio às análises de um volume enorme de relatórios produzidos pelos diferentes países, sobre o ensino de matemática, houve possibilidade, para Klein, de conduzir uma proposta de internacionalização de reformas curriculares postas em ação na Alemanha. Assim, será a experiência alemã que irá ditar o primeiro projeto de internacionalização do ensino de Matemática.

Cerca de cinqüenta anos mais tarde, um novo movimento para internacionalizar uma nova proposta de ensino de Matemática tem lugar. Matemáticos em cena, novamente, elaboram um novo programa de ensino, uma nova matemática escolar, que busca diminuir as distâncias entre o saber dos matemáticos e aquele dos currículos escolares. Fato inédito na história desse ensino são as ações desenvolvidas para levar professores, pais e alunos a perceberem que tudo que haviam aprendido, até então sob a rubrica de Matemática, deveria ser mudado em prol de uma Matemática Moderna.

Como teria sido recebida pelos diferentes países essa proposta revolucionária para a matemática escolar? Como ela ganhou as práticas escolares?

Levantamentos preliminares revelam que no Brasil, e também em Portugal, as pesquisas existentes sobre o MMM, além de muito escassas, em grande medida, atêm-se ao estudo do ideário modernizador. É possível dizer mesmo não haver estudos aprofundados sobre as conseqüências do Movimento e, muito menos, de sua recepção nas práticas pedagógicas dos professores de matemática. Os poucos estudos que intentam analisar essas práticas têm se perdido na descrição de memórias dos participantes sem conseguir, no entanto, um nível adequado de elaboração teórica.

Assim, ao que tudo indica, há uma lacuna histórica que precisa ser preenchida para que sejam construídos referenciais da educação matemática levada a cabo em grande parte da segunda metade do século XX no Brasil e em Portugal.

Como dar sentido a todo um campo denominado Didática da Matemática, por exemplo, sem que tenhamos estabelecido as bases históricas de compreensão da herança deixada pelo MMM nas práticas pedagógicas de nossos professores de matemática?

Como compreender as atuais discussões de reorganização curricular do ensino da disciplina? Como melhor entender a complexidade que envolve a recepção de uma proposta internacional em cotidianos e culturas escolares diferentes?

Em suma, é preciso aprofundar a reflexão sobre reformas de ontem para melhor conduzir processos de mudança hoje.

Essa temática, com seus inúmeros questionamentos, mobilizou dois grupos de pesquisa na elaboração de um projeto internacional de cooperação científica. De um lado, estão investigadores portugueses, sob a coordenação do professor José Manuel Matos, da Universidade Nova de Lisboa; de outro, o GHEMAT - Grupo de Pesquisas de História da Educação Matemática, coordenado pelo professor Wagner Rodrigues Valente, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Os dois grupos obtiveram apoio da Capes-Grices para o desenvolvimento do projeto "A matemática moderna nas escolas do Brasil e de Portugal: estudos históricos comparativos". A pesquisa teve em 2006 seu primeiro ano de desenvolvimento, num cronograma de trabalho previsto para três anos.

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Paulo Alves de Lima

 

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