CURATIVOS

       Estudos realizados no final da década de 50 e no início da década seguinte, demonstraram que o ambiente úmido da ferida fornece as melhores condições microbiológicas para a regeneração e reparação da lesão, além de facilitar a cicatrização da úlcera. A partir de então, surgiram centenas de produtos para tratamento das feridas que promovem a cicatrização sob condições de umidade. Alguns destes produtos aperfeiçoados para o tratamento das feridas são convenientes para as úlceras dos pés diabéticos.

       Contudo, não restam dúvidas de que muitos curativos convencionais também são eficazes e tem boa relação de custo-benefício. Os curativos devem ser adaptados ao paciente, a lesão e ao contexto da prática, a medida que a cicatrização da ferida avança, o curativo deve ser modificado para facilitar o processo de cicatrização. A época em que os curativos úmidos a secos eram usados durante todo o processo de cicatrização da ferida já passou.

CURATIVOS CONVENCIONAIS

CURATIVOS APERFEIÇOADOS

CURATIVOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS

CURATIVOS CONVENCIONAIS

        Os curativos convencionais (ex. gaze comum, gaze não aderente e faixas envolventes) são particularmente adequados para o tratamento de algumas úlceras diabéticas, em especial para as lesões infectadas ou que apresentem túneis ou trajetos fistulares, graças aos seguintes parâmetros de desempenho:

1. São absorventes
2. São impregnados facilmente com agentes tópicos
3. Evitam a contração prematura da ferida
4. São eficazes para tamponar trajetos fistulares e áreas de tunelização
5. Reduzem a maceração
6. São encontrados facilmente
7. São fáceis de aplicar

        A gaze lavada, que solta poucos fiapos, é particularmente apropriada para a compressão das cavidades maiores, depois das amputações que não cicatrizam. As faixas envolventes (simples ou impregnadas com iodofórmico) são usadas comumente para tamponar trajetos fistulares e áreas de tunelização. Os produtos impregnados com iodofórmico ou outros anti-sépticos devem ser reservados para o uso nas feridas que tiveram sinais clínicos de infecção ou aumento da proliferação bacteriana e, mesmo assim, apenas por um período curto porque estes agentes são citotóxicos in vitro para as células envolvidas na cicatrização como os fibroblastos.

CURATIVOS APERFEIÇOADOS

      Os curativos aperfeiçoados incluem os seguintes grupos principais, embora combinações e grupos novos apareçam a intervalos periódicos no mercardo: alginatos, colágeno, compósitos, películas, espumas, hidrocolóides e hidrogéis.
É importante salientar que há muita variação nos parâmetros de desempenho dentro do mesmo grupo e entre os diversos grupos: nem todos os hidrocolóides são iguais.

       Em termos gerais, os curativos aperfeiçoados mantém o ambiente úmido ideal para a ferida, seja por absorver o exsudato (alginatos, colágeno, espuma, hidrocolóides), sejam por liberarem ou manterem a umidade (hidrogéis).  Os parâmetros de desempenho, que devem ser levados em consideração, antes de escolher um destes grupos de curativos para o tratamento das úlceras do pé diabético são:

1. Capacidade de absorver exsudato versus fornecer ou manter a umidade;
2. Aderência versus não aderência;
3. Freqüência necessária para a troca dos curativos;
4. Custo e possibilidade de reembolso;
5. Facilidade de aplicação;
6. Custo benefício.

        O volume do curativo é outra consideração importante e, algumas vezes, a versão "fina" de um curativo aperfeiçoado (hidrocolóide ou hidrogel em folha fina), pode ser usado sem a necessidade de adaptações no calçado e também a um custo mais baixo.

CURATIVOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS

       A diferenciação tradicional entre curativos primários (que preenchem ou estão em contato com a ferida) e secundários (que firma o curativo primário), ainda se aplica. O que ficou complicado é o fato de que muitos curativos aperfeiçoados podem realizar as duas funções. Os profissionais de saúde devem especificar cuidadosamente os seguintes parâmetros, quando forem prescrever as trocas dos curativos, para otimizar o tratamento da ferida:

1. Método de limpeza ou irrigação, incluindo-se o nível de psi (l
ibras por polegada quadrada ) e o tipo e volume da solução
2. Técnica asséptica, sem toque, limpa ou não estéril a ser usada
3. Tipo e volume do curativo secundário
4. Freqüência das trocas do curativo

      Além disto, todas as particularidades do paciente ou os "truques da marca" que possam ser compartilhados por outros profissionais ajudam a otimizar a troca de curativos.


Figura 33 - úlcera diabética em tratamento com Alginato de cálcio


Figura 34 - O tratamento em evolução

 

Figura 35 - A ferida em evolução
Figura 36 - Paciente de alta com uso de curativo hidrocolóide extra fino



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