Órgão Oficial do |
Centro de Estudos - Departamento de Psiquiatria - UNIFESP/EPM |
editorial |
A doença mental no consultório
Raros são os médicos que não tenham atendido casos com intercorrência mental na área de sua especialização. Apesar dessa constatação, aliada ao fato de que eles freqüentemente prescrevem drogas psicoativas, nem sempre esses profissionais receberam treinamento adequado para lidar com tais pacientes. Surpreendentemente, o tema da associação de quadros nosológicos das especialidades clínicas com doença mental e possíveis efeitos das interações medicamentosas quase nunca é abordado em simpósios ou congressos médicos.
A OMS tem destacado que as doenças mentais vêm aumentando sua relevância no cenário da saúde pública. Considerando que quase sempre clínicos e especialistas da área da medicina interna são os primeiros a terem contato com esse tipo de doente, é evidente a necessidade de capacitação dos mesmos na identificação e orientação inicial desses pacientes. Por outro lado, considerando o nível do ensino médico no país e as prioridades impostas pelo mercado de trabalho, é razoável supor que a formação da maioria dos médicos brasileiros na área das doenças mentais é deficiente. Longe de procurarmos culpados e de nos contentarmos com a simples constatação desse problema, estamos neste segundo número da revista Psiquiatria na Prática Médica trazendo aos médicos contribuições de especialistas nacionais sobre essa até então pouca valorizada interface da atuação médica.
Também anunciamos que nossa página eletrônica já está acessível na Internet (www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm). Nesse “site” encontra-se disponível a versão completa do primeiro número da revista. Para nosso contentamento, antes mesmo de maior divulgação, o referido “site” já foi visitado por mais de 900 internautas. Embora seja cedo para conclusões definitivas, tal demanda sugere que estamos certos na premissa de que há carência por esse tipo de informação médica.
Naturalmente o trabalho está apenas começando, e contamos com as críticas dos leitores para acertar a direção do nosso intento e retificar possíveis erros. Ainda que não estejamos nem mesmo no fim do começo da nossa jornada, esses primeiros resultados assinalam que temos um desafio instigante pela frente.
Bráulio Luna Filho
Editor
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