SAPATOS

Com o uso adequado de calçados apropriados e as instruções relacionadas aos cuidados com os pés, pode-se esperar que a maioria dos pacientes diabéticos consiga evitar qualquer ferimento cutâneo nos pés. O oferecimento de calçados adequados aos pacientes que nunca sofreram traumatismo de pé, continua a ser um problema difícil.

 

Figura 10 - Sapatos


       Uma pessoa com pé insensível, portadora de uma ferida aberta ou fratura no pé, nunca deve caminhar descalço. Os sapatos não são confiáveis como parte do tratamento da ferida ou da fratura, e geralmente prolongam o tempo necessário à cicatrização. Mesmo que um sapato esteja perfeitamente ajustado ao pé e alivie a pressão sobre uma úlcera aberta, ele será removido pelo paciente em casa. Muitos pacientes diabéticos precisam urinar durante a noite. Quando vão e voltam do banheiro, raramente usam sapatos protetores. Um passo desprotegido, sobre um pé insensível, com úlcera, fratura ou infecção, pode ser devastador para o prognóstico desse pé.

       Os sapatos tem sua maior utilidade como forma de prevenção de traumatismos e não como forma de tratamento de lesões em atividade. Caso o paciente com neuropatia precise caminhar, gessos ou talas serão então, uma forma mais eficaz de proteção.

AVALIAÇÃO DOS SAPATOS

        A avaliação dos sapatos do paciente é um componente quanto ao exame do pé, devido a sua íntima correlação. Ao se correlacionarem os achados do exame do pé com aqueles da avaliação do sapato, muita vezes a causa das lesões cutâneas torna-se bastante evidente. Para começar, avalie o formato e a adaptação, e a seguir observe os materiais (couro ou plástico) de que são feitos a parte superior e inferior do calçado. Revise os sapatos, para remover qualquer objeto estranho, e a seguir introduza a mão na ponta do sapato, para buscar quaisquer irregularidades como projeção das costuras para dentro, dobras, ou rompimento ou desgaste do revestimento. As palmilhas devem ser removidas e examinadas para a presença de expressões ocasionadas por saliências ósseas.

       É essencial procurar correlacionar quaisquer anormalidades dos sapatos, com deformidades do pé para corrigir a postura e os mecanismos da marcha que levam a formação de calos e ulceração.

       A recomendação dos sapatos deve levar em consideração o custo do mesmo. Se o lugar para comprar o sapato é de fácil acesso, se o paciente tem quaisquer restrições acerca do uso de calçados que poderiam ser menos atraentes do que ele costumava usar. Este processo reduz a resistência ao uso dos calçados protetores.

PRESCRIÇÃO DE SAPATOS

       No caso de pacientes em estágios iniciais de diabetes, que não apresentam história de problemas nos pés, nem sinais de neuropatia, é possível que tudo o que seja necessário, seja apenas um sapato adequadamente ajustado, feito de material macio, com uma sola que absorve choque. Contudo, no caso de muitos pacientes, é possível que os objetivos assinalados acima só possam ser atingidos com o uso de um calçado feito sob prescrição.

       É necessário uma prescrição completa, por escrito, pelo médico para se assegurar que o podortista certificado será capaz de obter os resultados desejados do tratamento. Essa, muitas vezes, é a única comunicação entre o médico e o podortista. Mesmo que o calçado de um paciente tenha sido prescrito, de preferência, durante a consulta com um médico, em uma clínica, a prescrição por escrito torna-se uma parte permanente dos registros, servindo como um valioso recurso para que se proporcione a assistência de acompanhamento, monitorize o progresso do paciente e obtenha o reembolso do seguro. A prescrição do calçado por escrito, deve incluir o seguinte:

  1. Diagnóstico completo: é importante fornecer o diagnóstico completo do paciente, incluindo-se tanto o diagnóstico principal, quanto o secundário;
  2. Efeito desejado: A prescrição deve incluir uma descrição precisa do efeito ou da função desejada com o calçado;
  3. Calçado específico necessário para produzir o efeito desejado: O médico deve dar ao podortista alguma orientação sobre como obter o efeito desejado, como sapatos de profundidade, modificação externa no sapato e órtese de contato final. Já que é possível que o médico não esteja familiarizado com os materiais, os sapatos, as técnicas de construção ou as possíveis modificações, ele poderá achar desejável dar ao podortista alguma liberdade nessa área.

FÔRMA DO SAPATO

       O ajuste adequado do sapato é obtido quando sua fôrma combina com a forma do pé. A fôrma de um sapato, incluindo-se a forma tanto da sola quanto da parte superior, depende da fôrma de sapateiro, o molde sobre o qual o sapato é feito. Determinadas partes da porção superior do sapato também afeta o ajuste do mesmo.Termos úteis para descrever a porção superior do sapato são:

  1. Contra forte: a parte do sapato que se estende em torno do calcanhar;
  2. Compartimento para os dedos: a parte que cobre a área dos dedos;
  3. Gáspea: a parte que cobre o peito do pé;
  4. Lingüeta: a parte que fica por baixo dos cordões do sapato.


Figura 11 - Palmilhas



Figura 12 - Sandália

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