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Boletim CEBRID
Número 45 Junho a Agosto 2001

Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas

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MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS - PESQUISA

10. O Abuso de Trihexifenidila (Artane®) na Cidade de S. Paulo: Uma abordagem qualitativa.

Raymundo M e Nappo SA,
CEBRID _ Departamento de
Psicobiologia _ UNIFESP,
Trabalho a ser apresentado no
XIV Congresso da ABEAD,
Gramado, 19 a 23 de setembro.

Objetivos: Investigar o abuso de trihexifenidila na cidade de São Paulo e toda a realidade que a envolve, isto é, os padrões de consumo, perfis dos usuários, cultura de uso, conseqüências e história do consumo.

Metodologia: Utilizando os princípios e as técnicas de uma investigação qualitativa, foram entrevistados 30 usuários/ex-usuários de trihexifenidila. O tamanho da amostra foi determinado pela saturação teórica das informações, ou seja, as entrevistas desenvolvidas não acrescentavam mais dados novos aos já conseguidos e a obtenção da amostra foi conseguida através da técnica da bola-de-neve.

Resultados e Conclusões: A amostra constituiu-se de: 70% homens, faixa etária de 22 a 48 anos, predominando classe e escolaridade baixas. Todos são poliusuários de drogas. O motivo inicial de uso é a curiosidade, porém, entra na vida como complementar ao uso de outras drogas. É raro ser a droga principal, e o uso esporádico é o padrão mais citado. Buscam efeitos eufóricos e estimulantes com doses de 1 a 3 comprimidos, mas não evitam os efeitos indesejáveis como delírios e alucinações; com isso, muitos usuários diminuem a dose e a freqüência ou até mesmo param o uso. Alguns, na tentativa de "fugirem" dessas "aparições", expõem-se a perigos. Para intensificar os efeitos buscados, aliam outras drogas junto ao uso de trihexifenidila (ex.: álcool). É comum a perda de memória e desorientação espacial (ação anticolinérgica). Tolerância e dependência estão presentes em alguns relatos. Apesar da venda controlada (receituário B), a trihexifenidila é facilmente obtida com falsificação das receitas e repassada aos usuários de forma avulsa por R$ 1,00 cada comprimido. O uso é fracamente coibido por tratar-se de droga legal.


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
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