10. O Abuso de Trihexifenidila
(Artane®) na Cidade de S. Paulo: Uma abordagem
qualitativa.
Raymundo M e Nappo
SA, CEBRID _ Departamento de Psicobiologia _ UNIFESP,
Trabalho a ser apresentado no XIV Congresso da ABEAD, Gramado,
19 a 23 de setembro.
Objetivos: Investigar o abuso de trihexifenidila
na cidade de São Paulo e toda a realidade que a envolve,
isto é, os padrões de consumo, perfis dos usuários,
cultura de uso, conseqüências e história do consumo.
Metodologia:
Utilizando os princípios
e as técnicas de uma investigação qualitativa,
foram entrevistados 30 usuários/ex-usuários de trihexifenidila.
O tamanho da amostra foi determinado pela saturação
teórica das informações, ou seja, as entrevistas
desenvolvidas não acrescentavam mais dados novos aos já
conseguidos e a obtenção da amostra foi conseguida
através da técnica da bola-de-neve.
Resultados e
Conclusões: A amostra
constituiu-se de: 70% homens, faixa etária de 22 a 48 anos,
predominando classe e escolaridade baixas. Todos são poliusuários
de drogas. O motivo inicial de uso é a curiosidade, porém,
entra na vida como complementar ao uso de outras drogas. É
raro ser a droga principal, e o uso esporádico é o
padrão mais citado. Buscam efeitos eufóricos e estimulantes
com doses de 1 a 3 comprimidos, mas não evitam os efeitos
indesejáveis como delírios e alucinações;
com isso, muitos usuários diminuem a dose e a freqüência
ou até mesmo param o uso. Alguns, na tentativa de "fugirem" dessas "aparições", expõem-se a perigos. Para intensificar
os efeitos buscados, aliam outras drogas junto ao uso de trihexifenidila
(ex.: álcool). É comum a perda de memória e
desorientação espacial (ação anticolinérgica).
Tolerância e dependência estão presentes em alguns
relatos. Apesar da venda controlada (receituário B), a trihexifenidila
é facilmente obtida com falsificação das receitas
e repassada aos usuários de forma avulsa por R$ 1,00 cada
comprimido. O uso é fracamente coibido por tratar-se de droga
legal. |