08.
O uso de cocaína e de crack vem aumentando entre
os estudantes brasileiros. Dados do IV Levantamento
sobre o Uso de Drogas entre os estudantes do 1º
e 2º Graus em 10 Capitais Brasileiras – 1997 (
130 páginas).
A cocaína
e o “crack” têm sido as grandes “vedetes” da mídia
entre as drogas ilícitas. Invariavelmente há
manchetes de que está havendo um crescimento
assustador e descontrolado do seu uso. Este aumento
realmente existe mas ainda está longe de atingir
tão dramática situação;
preocupa mas não deve gerar pânico descontrolado.
Por outro lado, sabe-se que o Brasil é uma das
principais rotas de cocaína em direção
à Europa e Estados Unidos. O uso dessa droga
vem se popularizando entre os estudantes do 1º
e 2º graus da rede pública de ensino como
pode-se depreender dos resultados mostrados a seguir,
comparando-se os dados obtidos pelo CEBRID nos levantamentos
dos anos de 1987, 1989, 1993 e 1997. Por exemplo,
o uso na vida de cocaína pelos alunos de Belém
cresceu de 1,0% em 1993 para 1,8% em 1997; mesmo que
as porcentagens não sejam tão elevadas,
este achado é indicativo da tendência de
aumento do uso dessa droga. Das dez capitais estudadas
no IV Levantamento (1997), em apenas duas delas não
se observou aumento da tendência do uso na vida
de cocaína (Recife e Rio de Janeiro). Em pelo
menos cinco cidades, o uso de cocaína predominou
no sexo masculino, quando comparado ao feminino; nas
demais não se observaram diferenças estatísticamente
significantes. O uso freqüente (uso
de seis vezes ou mais no mês) cresceu em oito
capitais, quando se compara os quatro levantamentos
(Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba,
Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e São Paulo).
Da mesma forma o uso pesado (uso de vinte vezes
ou mais no mês) apresentou aumento da tendência
de uso em oito das dez capitais, exceto em Recife e
Rio de Janeiro. Por outro lado, o uso do “crack” aparece
muito raramente, sendo que em Belo Horizonte, sete (0,4%)
dos estudantes relataram uso dessa droga; seis (0,2%)
em São Paulo; cinco (0,3%) em Porto Alegre: quatro
(0,3%) em Salvador; quatro (0,2%) em Curitiba; dois
(0,1%) em Brasília e um (0,1%) em Belém.
No total das dez capitais investigadas, 29 estudantes
(0,2%) fizeram uso do “crack”. As baixas porcentagens
para uso de “crack” entre os estudantes das dez capitais
pode estar traduzindo apenas que aqueles que começam
a usar este tipo de droga perdem o vínculo escolar,
afastando-se do estudo, já que a dependência
do “crack” é sempre muito severa. |