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Boletim CEBRID
Número 48 Abril a Junho 2003

Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas

PREVENÇÃO

7. “Um programa de prevenção que falhou. Ou um tiro que saiu pela culatra”; ou ainda “De Boas Intenções o Inferno está cheio.”
Willians JS: Grouping high-risk youths for Prevention May Harm More Than Help. NIDA Notes 17(5): 1 e 6, 2003. NIH Publication no 03-3478.

O projeto era realmente muito interessante: 158 adolescentes entre 11 e 14 anos (83 meninos e 75 meninas), todos considerados como de alto risco para abuso de drogas e para delinqüência. Foram divididos em 3 grupos: grupo sem intervenção (grupo controle – apenas receberam material para leitura e videotapes); grupo interação (ficaram 12 semanas submetidos a um intenso programa de convivência entre eles, visando melhorar o comportamento anti-social e a sociabilidade); e grupo interação mais participação dos pais (além das 12 semanas acima os pais foram instruídos a “auxiliar” os filhos).

Os 2 grupos interação desenvolveram discussões grupais, treinamento para controlar emoções, para estabelecer limites, construir relacionamentos saudáveis e recusar ofertas de drogas. Nada foi feito com os adolescentes do grupo controle.

Ao fim das 12 semanas houve melhora discreta para os 3 grupos, em relação a interações pais x filhos(as), e na aquisição de habilidades para exercer tarefas. Ou seja, as intervenções para os 2 grupos interação não trouxeram benefícios em relação ao grupo controle. Todavia, na avaliação feita 1 ano após o término da intervenção, os 2 grupos interação pioraram, apresentando um aumento significativo de freqüência em fumar e de problemas nas escolas. A situação deteriorou ainda mais ao fim de 3 anos: os 2 grupos que tiveram as 12 semanas de interação tinham o dobro de consumo de tabaco e os relatos de delinqüência por parte dos professores eram 75% mais freqüentes. Ainda, para piorar, a análise de casos individuais mostrou que a deterioração comportamental foi mais acentuada naqueles adolescentes que apresentavam os menores níveis iniciais de problemas comportamentais.

Os autores da pesquisa (do Centro de Família e da Criança da Universidade de Oregon – USA), comentam que estes achados levantam importantes questões sobre a prática muito comum de agrupar adolescentes-problema em certos programas de intervenção.


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
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