PUBLICAÇÕES
E VENTOS CIENTÍFICOS
2.
FINALMENTE: I Levantamento Domiciliar
Nacional sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas.
Parte A: Estudo envolvendo as 24
Maiores Cidades do Estado de São
Paulo – 1999 (concluído) 1.
Parte B: Estudo nos restantes Estados
Brasileiros (aguardando liberação
de verba)
O
CEBRID submeteu pedido de verba para
o Projeto de Pesquisa intitulado “I
Levantamento Domiciliar sobre o Uso
de Drogas Psicotrópicas nas 92
Maiores Cidades do País” em 1997,
a 3 instituições para
viabilizar o financiamento: 25% solicitado
à FAPESP, 25% ao CNPq e os restantes
50% ao CONFEN e posteriormente à
SENAD (Secretaria Nacional Antidrogas).
A FAPESP concedeu parecer positivo em
30 de Julho de 1998. A resposta do CNPq
ao nosso pedido foi negativa devido
a ausência de verbas, embora ressaltasse
o mérito do estudo. A SENAD aprovou
o projeto (14/09/1999), mas não
acenou com qualquer possibilidade para
financiar a parte que lhe cabia.
I. ASPECTOS DA METODOLOGIA
A pesquisa domiciliar sobre Consumo
de Drogas foi planejada para colher
informações em âmbito
domiciliar, através de uma amostra
de conglomerados estratificada probabilística
e autoponderada, obtida através
de dois estágios de seleção;
num primeiro estágio, em cada
município da amostra, foram selecionados
os setores censitários e no segundo
estágio, os domicílios.
Em cada domicílio, foi sorteado
um respondente para prestar informações
a seu respeito.
Seleção
dos Municípios
Todas
as cidades do Estado de São Paulo
com mais de 200 mil habitantes participaram
da pesquisa, ou seja, 24 cidades.
São elas, por ordem alfabética:
Bauru, Campinas, Carapicuíba,
Diadema, Franca, Guarujá, Guarulhos,
Itaquaquecetuba, Jundiaí, Limeira,
Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco,
Piracicaba, Ribeirão Preto, Santo
André, Santos, São Bernardo
do Campo, São José do
Rio Preto, São José dos
Campos, São Paulo (Capital),
São Vicente, Sorocaba e Taubaté.
Elas somam uma população
de 19.389.903 habitantes, correspondendo
a 58,4% da população total
do Estado de São Paulo.
Seleção
dos Setores Censitários
Os
setores censitários (geralmente
formados por cerca de 200 a 300 domicílios)
constituem a menor unidade para o qual
o IBGE fornece informações
sócio-econômicas, tais
como renda média dos chefes de
família, porcentagem de chefes
de família com nível superior,
número de domicílios
por tipo, etc. Essas informações
foram usadas para definir, através
de técnicas estatísticas
multivariadas, grupos de setores homogêneos,
chamados estratos, em cada município
selecionado. Estipulou-se a realização
de 24 entrevistas para cada Setor Censitário.
Sorteio
dos Domicílios e Sorteio dos
Entrevistados
A
seleção dos domicílios
nos setores censitários selecionados
foi feita a partir de mapas dos setores
censitários (IBGE) e os domicílios
sorteados segundo uma amostra sistemática,
os aplicadores orientados a iniciar
a contagem dos domicílios aleatoriamente
em qualquer uma das ruas pertencentes
ao Setor Censitário em questão.
Numa primeira visita o aplicador
obtinha a relação dos
moradores daquele domicílio,
e numa segunda visita, previamente
agendada entrevistava um morador selecionado
por um mecanismo independente do entrevistador.
A necessidade de tal procedimento é
evitar uma amostra “viciada”, uma vez
que existe o risco de se entrevistar
sempre a pessoa que se encontra no domicílio
no momento da primeira visita, alterando,
assim, a desejada igualdade de chances
de todos os possíveis respondentes
do domicílio. A faixa etária
escolhida foi de 12 a 65 anos de idade.
O
Questionário
O
questionário utilizado foi o
do SAMHSA (Substance Abuse and Mental
Health Services Administration - USA),
que foi traduzido e adaptado para as
condições brasileiras.
II.
PRINCIPAIS RESULTADOS
1
– O uso na vida de qualquer droga psicotrópica,
exceto álcool e tabaco, foi de
11,6%, porcentagem próxima ao
Chile, superior à Colômbia
e muito inferior aos EUA (34,8%).
2 – O álcool e o tabaco
foram as drogas com maiores prevalências
de uso na vida, com 53,2% e 39,0%, respectivamente.
Quanto às estimativas de dependentes
de álcool as porcentagens estiveram
ao redor dos 6%, valores próximos
aos observados em estudos de outros
países e 9,3% estavam dependentes
de tabaco. 3 - A maconha
foi, dentre as drogas ilícitas,
a que teve maior uso na vida (5,6%),
porém com porcentagens muito
inferiores ao observado, por exemplo,
no Chile, EUA, Dinamarca, Espanha e
Reino Unido. 4 – A prevalência
do uso na vida de cocaína (1,7%)
no Estado de São Paulo está
bem próxima a de alguns países
da América do Sul como Chile
e Colômbia, além de Holanda
e Dinamarca; porém é bem
inferior à prevalência
dos EUA. 5 – Não
houve nenhum relato do uso de heroína,
ao contrário do que a mídia
tem veiculado nos últimos tempos.
6 – A percepção
da população quanto à
facilidade em se conseguir certas drogas
foi surpreendentemente alta. Por exemplo:
62,4% dos entrevistados acreditam ser
fácil conseguir a cocaína;
para o LSD a porcentagem foi de 36,2%.
7 – A percepção
em relação ao tráfico
de drogas apresentou porcentagens elevadas,
já que cerca de 20% diz ter visto
alguém vendendo ou procurando
comprar drogas. Porém quando
a questão diz respeito diretamente
ao entrevistado como por exemplo ao
ser perguntado se já tinha sido
procurado por um traficante oferecendo-lhe
drogas, apenas 3,6% do total respondeu
afirmativamente. 8 – Quanto
à percepção de
ter visto alguém embriagado ou
sob efeito de drogas, cerca de 50% da
população respondeu afirmativamente
a esta questão. 9
– Quase a totalidade da população
considerou um risco grave para a saúde
o uso diário de qualquer das
quatro drogas pesquisadas quanto a este
aspecto (álcool, maconha, cocaína
e “crack”).
Pode
- se concluir que, pesquisas deste tipo
são importantes para a implantação
de programas de prevenção
adequados sobre o uso de drogas em nossa
população e, infelizmente,
por motivos alheios à nossa vontade
não foi possível traçar
o perfil do uso de drogas na população
brasileira, pelo menos por enquanto.
O
LANÇAMENTO OFICIAL DO LIVRO COM
DADOS DO ESTADO DE SÃO PAULO.
ESTÁ PREVISTO PARA O PRÓXIMO
MÊS DE ABRIL. Os exemplares poderão
ser obtidos no CEBRID. |