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“Uso de drogas entre estudantes do Recife”.
Estudo feito pelo Instituto RAID, em
agosto de 1998, 64 páginas.
Em
agosto de 1998 aconteceu no Recife o
Movimento Cidade Cidadão,
com o objetivo de melhorar a qualidade
de vida do recifense. Participaram muitas
entidades e em uma oficina denominada
“Família, Adolescência
e Uso de Drogas”, 170 estudantes
de escolas públicas (34,7%) e
privadas (65,3%), responderam um questionário
adaptado do questionário aplicado
pelo CEBRID, o que permitiu comparações.
Os dados do Recife obtidos pelo IV Levantamento
sobre o Uso de Drogas entre Estudantes
de 1º e 2º graus em 10 Capitais
Brasileiras – 1997 e aqueles do Instituto
RAID, 1998, mostram muitas semelhanças
mas também importantes diferenças:
1. Em relação ao
uso na vida, no Levantamento
do CEBRID – 1997 os ansiolíticos
apareceram em quarto lugar (alcool,
tabaco e solvente os três primeiros)
enquanto que pelo levantamento RAID
é a maconha que aparece em quarto
lugar. E a diferença não
é pequena (CEBRID 4.8%, RAID
14.7%). 2. De acordo com
a preferência dos estudantes a
ordem de uso das drogas foi semelhante
à do CEBRID, mas os percentuais
encontrados pelo Instituto Raid são
em geral bem mais elevados. Os Autores
apontam as seguintes possibilidades
para explicar estas diferenças:
os anos (1997 e 1998); predominância
de escolas particulares no levantamento
RAID, enquanto pelo CEBRID só
foram entrevistados alunos de escola
pública; a diferença muito
grande de metodologia utilizada para
a amostragem. Os autores do Instituto
RAID concluem o trabalho com importantes
comentários, entre os quais:
“O levantamento,
bem como outras pesquisas realizadas
sobre o tema, afirma que as drogas mais
consumidas por adolescentes são
as drogas legais – embora o consumo
de álcool não seja permitido
até a maioridade. No entanto,
família e instituições
enfatizam, quase exclusivamente, o problema
das drogas ilícitas, como a maconha
e a cocaína. Isto porque álcool,
tabaco e, em menor medida, solventes
estão mais inseridos nos diversos
contextos com os quais o adolescente
se relaciona, incluindo a própria
família e a instituição
escolar. Mesmo conhecendo os efeitos
dessas drogas, é possível
o uso recreativo, o uso social sem ameaças
de dependência para a grande maioria
dos jovens. Antes, são coisas
da idade ou símbolos
da passagem para o mundo adulto. Como
conseqüência, o jovem chega
a ter mais informações
sobre as drogas ilícitas, que
não usa ou usa menos, e desconhece
os riscos envolvidos no consumo das
substâncias permitidas.” “Os
dados da pesquisa confirmam o aumento
do uso de maconha entre os estudantes
no Recife. Suas características
e fácil acesso (preço
e disponibilidade) fazem desta substância
a droga preferida dentre as drogas ilícitas
pelos jovens pesquisados. Nesse sentido,
qualquer intervenção preventiva,
seja ela na família ou na escola,
deve gerar informações
válidas e levar em consideração
a abrangência do seu uso entre
os jovens.” “Estereótipos
que relacionam a maconha com marginalidade
não são úteis,
podendo criar a estigmatização
do aluno e o silêncio entre pais
e filhos. |