Número
32
|
Centro Brasileiro
de Informações
|
14. A OMS não omitiu dados favoráveis à maconha por pressões políticas. Press-release da OMS: "A OMS não se curvou a pressões políticas ao publicar um relatório sobre a maconha" Recentemente, a revista britânica "New Scientist" publicou a denúncia de que a OMS teria suprimido informações favoráveis à maconha, na elaboração do documento "Cannabis: a health perspective and research agenda". A denúncia considera que os especialistas da OMS teriam omitido dados, em função de pressões políticas, no sentido de tentar evitar que grupos pró legalização da maconha utilizassem os dados, eventualmente, de "forma indevida". A OMS confirma a supressão dos dados. No entanto, alega que o fato se deu em função de um julgamento científico, não tendo qualquer relação com pressões políticas. Abaixo a tradução literal do Press- Release da OMS sobre a questão: Ao contrário do que foi divulgado no último número da revista "New Scientist", a Organização Mundial da Saúde (OMS) não "cedeu à pressões políticas" ao excluir, de um relatório recente, uma análise indicando que a cannabis seria mais segura do que o álcool ou tabaco. Esse documento, intitulado "Cannabis: a health perspective and research agenda", foi publicado como resultado do trabalho de um grupo de especialistas, em relação aos efeitos do uso da cannabis na saúde, que se reuniram em Genebra em maio de 1995. A informação contida no relatório final reflete um resumo dos aspectos, de artigos originais, considerados de consistência científica. A seção 13 refere a análise das possibilidades de comparar drogas lícitas, tais como álcool e tabaco, com cannabis. Entretanto, foi consenso que havia, por um lado, falta de confiabilidade epidemiológica dos estudos, e por outro, que as comparações eram mais especulativas do que científicas. Dessa forma, não houve tentativa de ocultar qualquer informação e a decisão, de não incluir as comparações na relatório final, foi baseada em um julgamento científico e não teve nenhuma relação com pressões políticas. A OMS está interessada nas conseqüências negativas de todas substâncias psicoativas, independentemente do critério legal. É sabido que existem 1,1 bilhões de usuários de tabaco no mundo e que 3,5 milhões de pessoas morrem todos os anos pelo uso de tabaco. Também é de conhecimento que o álcool provoca, pelo menos, três quartos de um milhão de mortes todos os anos e que o total de danos causados à sociedade é imenso. No que se refere a cannabis, tal avaliação global não é possível pela falta de informações confiáveis. É óbvio, entretanto, que o consumo de cannabis provoca inúmeros problemas à saúde e que o aumento de seu uso poderia piorar a situação. O artigo original intitulado "A comparative appraisal of the health and psychological consequences of alcohol, cannabis, nicotine and opiate use", cujas conclusões foram excluídas do relatório, continha várias contradições e conclusões sem consistência científica. Por exemplo, ele relata: "nós não tentamos apresentar estimativas do risco da cannabis para a saúde, no caso da prevalência de seu uso se equiparar às do álcool e tabaco. O que pode ser afirmado é que se a prevalência do consumo de cannabis aumentar ao nível do uso de cigarros e do consumo de álcool, seu impacto na saúde pública aumentaria. É impossível prever o quanto com qualquer precisão". Mesmo assim, os autores terminam o seu artigo dizendo: "existem boas razões para dizer que [a maconha] não seria páreo para o álcool e tabaco em relação aos riscos para a saúde pública mesmo se muitas pessoas passassem a usar cannabis como agora bebem álcool ou fumam tabaco". Tanto o artigo original quanto o relatório da OMS estão disponíveis através de pedidos para a Division of Mental Health and Substance Abuse, WHO, Geneva, Tel. (4122) 791.4791. |