Número27
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Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas |
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"Baquêros" e "craquêros": um estudo etnográfico sobre o consumo de cocaína na cidade de São Paulo. Tese de doutoramento defendida por Solange A. Nappo na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) em 13/12/96.
EPIDEMIOLOGIA
PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO
MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS:EFEITOS ADVERSOS
Perante banca composta
pelos professores Reynaldo N. Takahashi do Depto. de Farmacologia
da UFSC, Artur Guerra, diretor do GREA - Grupo Interdisciplinar
de Estudos de Alcoolismo e Farmacodependências da USP, José
Alberto Del Porto do Depto. de Psiquiatria da UNIFESP, Sérgio
Tufik do Depto. de Psicobiologia da UNIFESP e E.A. Carlini (orientador),
atualmente Secretário de Vigilância Sanitária
do Ministério da Saúde. A tese com 324 páginas,
versa sobre a opinião dos próprios usuários,
tanto por via endovenosa (baquêros) como por via pulmonar
(craquêros) sobre o uso, suas crenças, história
familiar, uso passado de drogas, uso atual de outras drogas e
expectativas do futuro. As observações foram obtidas
através de técnicas etnográficas. A tese
aprovada com nota máxima, está a disposição
(cópia xerox) dos interessados.
Cópias disponíveis
no CEBRID.
EPIDEMIOLOGIA
Como vem fazendo há vinte anos, o Governo Americano, através do NIDA do NIH, publica as estatísticas semestrais relativas ao problema de drogas em 20 grandes cidades (San Francisco, Honolulu, Detroit, Newark, Atlanta, New York, Philadelphia, Chicago, New Orleans, Miami, Boston, Seattle, Washington, St. Louis, Denver, Los Angeles, Dallas, Phoenix, San Diego e Minneapolis).
Neste "relatório-executivo" publicado no primeiro semestre de 1996, são apresentados em 84 páginas os aspectos gerais sobre o consumo e suas conseqüências da cocaína (Cloridrato e crack), heroína, outros opiáceos, maconha, estimulantes, depressores, alucinógenos e outras drogas. Foi tomado como base de comparação o primeiro semestre de 1995.
No primeiro semestre de 1995 deram entrada nas unidades de emergência dos Estados Unidos um total de 485.507 pessoas. A cocaína foi a primeira responsável por estas emergências, em 17 das cidades com totais variando entre 10 e 30%; a heroína, entretanto, foi a principal responsável em Newark e San Francisco cabendo à metanfetamina o primeiro lugar na cidade de San Diego.
Comparando os dados do
segundo semestre de 1996 com os de 1995, o relatório-executivo
traça vários "highlights"que passamos
a transcrever.
Cocaína e
Crack.
Crack mantem sua dominância. Todavia, a maior parte dos
indicadore dão suporte a relatórios de campo que
afirmam estar o uso de crack estabilizando-se, embora a níveis
altos. Dados demográficos e relatos de campo sugerem que
a população mais velha usuária de cocaína
está sofrendo mais conseqüências adversas à
saúde, principalmente nas áreas centrais das cidades.
Heroína.
Um crescente número de jovens iniciantes, enfrentam a ameaça
de heroína de pouca pureza e de tolerância crescente;
em Atlanta alguns usuários passaram da via nasal de uso
da heroína para a via endovenosa. Outra parcela crescente
de usuários passou do uso do crack ou cloridrato de cocaína
para o uso de heroína.
Outros opiáceos além da heroína. Vários destes, quer por desvio ou por excesso de prescrição são responsáveis por uma pequena mas constante proporção de consequências adversas. Eles são freqüentemente combinados com outras substâncias.
Hidromorfina, codeina,
hidrocodona, oxicodona, propoxifeno, fentanil e ópio são
as substâncias envolvidas.
Maconha.
Os efeitos adversos da maconha continuam aumentando,
especialmente em jovens do sexo masculino, conforme atestam números
elevados de emergências, tratamento e de ações
penais. O maior potencial de prejuízo ("increased
harm potential") e parcialmente devido às cêpas
mais potentes produzidas por técnicas hidropônicas
domésticas; é também freqüentemente
devido à combinação da maconha com outras
drogas, tais como o crack ou PCP (fenciclidina). Relatos de campo
corroboram o amplo e aberto uso da maconha, freqüentemente
na forma "blunt", ao longo de todo o país...,
em muitas áreas "blunts" ou "joints"
são adulterados com outras substâncias, tais como
crack ou cloridrato de cocaína, fenciclidina, alcool ou
mesmo "embalming fluid". Estas combinações
podem estar contribuindo para o aumento dos efeitos adversos.
Estimulantes.
Dados de metanfetamina sobre mortalidade, emergências, tratametno
e ações legais continuam as mais altas no Oeste,
aonde todos os indicadores continuam com tendência de aumento.
Os dados continuam baixos no Leste.
Depressores.
Os usuários de depressores podem ser classificados em dois
grupos: adolescentes e adultos jovens que usam o flunitrazepam
(Rohypnol), gama-hidroxibutirato (GHB) e ketamina ("special
K"), freqüentemente em clubes noturnos e outras reuniões
sociais; e usuários brancos de mais de 30 anos que abusam
de depressores vários, incluindo diazepam, clonazepam e
alprazolam.
Alucinógenos. Uma combinação emergente vista em todo o país, envolve o uso de maconha ou mesmo cigarros misturados com fenciclidina.
Comparado com outras
drogas a porcentagem de emergências devidas aos alucinógenos
permanece baixa; o uso de LSD-25 aumentou significantemente em
oito cidades.
Outras Drogas.
Esteroides anabolizantes, inalantes (tolueno, removedores de manchas,
gasolina, etc.) e dextrometorfan (este em combinação
com escopolamina/heroína), são também citados
como substâncias de abuso em várias cidades.
O uso de drogas nos Estudantes do Rio de Janeiro em 1995, NEPAD - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas
O NEPAD fez este levantamento em 27 escolas estaduais e municipais, com questionários aplicados em mais de 1600 alunos. Principais achados:
mais de 80% dos estudantes já experimentaram bebidas alcoólicas, sendo 12 anos a idade média para o início da experimentação;
cerca de 36% dos entrevistados já fumaram cigarros;
9,6% inalaram solventes (éter, cola de sapateiro, acetona); 8,2 usaram tranqüilizantes; 6,6% fumaram maconha e 2,2% cheiraram cocaína.
Para cópias do trabalho os interessados devem dirigir-se ao NEPAD.
Rua Fonseca Teles, 121 4º andar
20940-200 - Rio de Janeiro - RJ
Fone: (021) 284.8322
O uso de drogas, em 1994, em Porto Alegre: Levantamento do perfil epidemiológico do usuário de substâncias Psicoativas em Escolas Estaduais de Porto Alegre 1994. Comitê Técnico do Programa Valorização da Vida/Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Amplo trabalho analisando 6456 questionários preenchidos por alunos da rede estadual do Rio Grande do Sul. Estes alunos pertenciam a dois grupos: aqueles que anteriormente receberam programas educativos e os demais que nada receberam ou seja eram controles. Dois anos após o programa foi feito o levantamento de 1994 e comparou-se os resultados. As conclusões estão abaixo transcritas:
- Alunos do sexo feminino são os maiores usuários de drogas na vida e no ano.
- São maiores usuários de drogas na vida alunos que freqüentam o 2 grau. Alunos que trabalham são maiores usuários do que os que não trabalham. Da mesma forma, são maiores usuários alunos cujos pais são separados ou que não têm pai e/ou mãe. O mesmo acontece com aqueles de maior nível sócio econômico.
- Alunos do sexo masculino usam mais maconha e cocaína na vida. Em contraposição, alunos do sexo feminino usam mais tabaco, anfetaminas, ansiolíticos e barbitúricos. Tiveram igual distribuição entre os sexos o álcool, solventes, anticolinérgicos, opiáceos, xaropes, alucinógenos e orexígenos.
- Alunos com idade igual ou superior a 16 anos usam mais tabaco, álcool, maconha, cocaína, anfetaminas, ansiolíticos anticolinérgicos, opiáceos e alucinógenos. O consumo de solventes, barbitúricos, xaropes e orexígenos são de igual uso nas duas faixas etárias (<15 anos e >16 anos).
- Alunos do turno noturno usam mais tabaco, álcool, maconha, cocaína, anfetaminas, ansiolíticos, anticolinérgicos e alucinógenos do que aqueles dos turnos diurnos. De igual distribuição entre os dois turnos são os solventes, barbitúricos, opiáceos, xaropes e orexígenos.
- O menor número de usuários na vida e no ano e o menor consumo de drogas, principalmente maconha, na vida e no ano, e solventes na vida nos estudantes do grupo Intervenção sugere uma diferença entre os dois grupos em estudo. Parece existir um menor número de usuários e uma tendência a um menor consumo de drogas no grupo Intervenção.
- Quando
os dados do levantamento de 1994 são comparados com os
de 1992, nota-se um aumento no número de usuários
na vida e no ano. Em relação ao uso de drogas, houve
aumento no uso de tabaco, maconha, cocaína, solventes e
uma diminuição no consumo de xaropes e orexígenos.
Os menores aumentos e as maiores diminuições estão
no grupo 1994 Intervenção quando comparado com igual
droga do grupo 1992.
P REVENÇÃO E EDUCAÇÃO
CONEN-RS em ação. É publicado o: Plano Estadual de Prevenção Contra o Uso do Álcool, Tabaco e outras Drogas - 1996 (31 páginas).
Publicação cuidadosa, apresentando o quadro atual do uso de drogas, comparando-o com anos passados, abordando a seguir as seguintes ações a serem implementadas em diferentes segmentos da comunidade:
Participação da Comunidade e da família, com 5 metas; | |
Saúde, com 3 metas; | |
Educação, com 4 metas; | |
Atenção a Grupos Especiais, com 4 metas; | |
Meios de Comunicação e Publicidade, com 4 metas; | |
Desenvolvimento Organizacional com uma meta; | |
Pesquisa, Avaliação e Coordenação, com uma meta. |
Cópias com o CONEN-RS.
CONEN-RS
Rua 7 de setembro, 666 3º andar Centro
90010-190 - Porto Alegre
- RS
Os Folhetos CEBRID continuam a disposição dos interessados
O CEBRID publicou uma série de 12 folhetos ("folders") com material recomendado para alunos a partir da 6a. série do 1 grau.
Estes "folders" já foram reproduzidos por algumas entidades nacionais e pelo Serviço de Combate ao Uso de Drogas do Estado de Massassuchets, EUA. A última reprodução é da COSAM - Coordenadoria de Saúde Mental do Ministério da Saúde.
Os "folders" têm os seguintes títulos:
1. O que são Drogas Psicotrópicas
2. Anfetaminas
3. Cocaína
4. Calmantes e Sedativos
5. Solventes e Inalantes
6. Tranquilizantes e Ansiolíticos
7. Xaropes e Gotas para Tosse
8. Ópio e Morfina
9. Maconha
10. Anti-colinérgicos
11. Cogumelos e Plantas Alucinógenas
12. Perturbadores (alucinógenos)
sintéticos
Cópias deste material
podem ser obtidas na COSAM - Esplanada dos Ministérios
Bloco G 7º andar, 70058-900 - Brasília - DF, Fone:
(061) 314.6451 e 314.6230 ou no CEBRID.
Um livro útil para pessoal da área de saúde e outros interessados no problema drogas de abuso: O uso de Psicofármacos na Clínica. de B. Saraceno, D. Cohen e G. Tognoni, do Instituto Mario Negri, Milão, Itália. Traduzido por W. Valentini, 1994. Publicado pela COSAM - Coordenação de Sáude Mental do Ministério da Saúde (51 páginas).
Livro muito bem escrito,
em linguagem clara e acessível, que aborda em diferentes
capítulos a Farmacologia e Critérios Terapêuticos
dos: 1- ansiolíticos-hipnóticos; 2- anti-depressivos;
3- anti-psicóticos; 4- lítio. Apresenta ainda os
capítulos: 5- condições para se estabelecer
a intervenção farmacológica, 6- algumas histórias
clínicas, 7- bibliografia.
Cópias da obra na
COSAM - Esplanada dos Ministérios Bloco G 7º andar,
70058-900 - Brasília - DF, Fone: (061) 314.6451 e 314.6230
ou no CEBRID (xerox).
A Editora Ática acaba de lançar o livro para-didático "Drogas-Mitos e Verdades" de autoria de Beatriz Carlini-Cotrim, pesquisadora do CEBRID.
O livro dedicado a estudantes
a partir da sétima série, aborda de maneira descontraída
e isenta de moralismo as principais polêmicas na área,
além de informar o adolescente sobre aspectos sociais,
históricos e epidemiológicos do consumo de drogas.
Como adquirir: o livro
pode ser encontrado nas principais livrarias do país.
A Bahia não perde tempo O CONEN-BA publica o: Plano Estadual de Prevenção do Abuso de Substâncias Psicoativas, 1996 (94 páginas).
De acordo com os autores: "Este documento encontra-se sub dividido em sete partes. A primeira parte refere-se ao problema das drogas na sociedade atual. A segunda expõe o processo metodológico adotado na elaboração deste plano. A terceira apresenta uma análise da situação na Bahia. A quarta parte identifica os problemas e seus descritores. A quinta faz a priorização destes problemas. A sexta parte apresenta as redes explicativas onde são localizados os nós críticos. Por fim, na sétima parte são definidos os objetivos e propostas as estratégias."
Trata-se de trabalho bem elaborado, com análise de dados nacionais obtidos por vários estudos anteriores, além de conter dados específicos da Bahia. É obra útil para consulta.
Cópias podem ser obtidas no CONEN-BA.
CONEN-BA
Av. Luiz Viana Filho, 400 4a. Avenida
Centro Administrativo - Plataforma 6 1° andar
41746-900 - Salvador - BA
MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS:EFEITOS ADVERSOS
Gato por lebre. Pronunciamento do FDA (Food Drug Administration) de 10/04/96 e reproduzido no WHO Pharmaceutical Newsletter, n 5/6, maio/junho 1996: Efedrina (de origem botânica) em Drogas de Rua.
Estados Unidos. A FDA aconselhou consumidores a não comprarem ou consumirem suplementos dietéticos contendo a efedrina, com rótulos que freqüentemente os apregoam como aparentes alternativas às drogas de rua tais como o Êxtase (3,4 metilenodioximetanfetamina); MDMA porque eles representam riscos significantes à saúde dos consumidores.
Estes produtos contém fontes botânicas de efedrina ou a assim-chamada "efedrina natural". Efedrina é um estimulante tipo-anfetamina e tem potencialmente efeitos perigosos para o sistema nervoso e coração. Estes produtos são comercializados sob uma variedade de nomes comerciais com rótulos que afirmam ou que sugerem que eles produzem efeitos tais como euforia, sensações sexuais aumentadas ("increased sexual sensations"), percepção aumentada, aumento de energia e outros efeitos.
Possíveis efeitos adversos que vão de efeitos clínicos severos tais como ataque cardíaco, convulsões, psicoses e mortes a efeitos clínicos menos severos como tonturas, dor de cabeça, desconforto gastro-intestinal e palpitações cardíacas.
O rótulo destes produtos podem conter nomes como ma huang, Efedra chinesa, extrato de Efedra, pó de erva Efedra, "epitonin" ou efedrina. Qualquer destes nomes indica a presença de efedrina no produto.
O FDA considera que os dizeres dos rótulos destes produtos - os quais parecem, dirigir-se a jovens adultos e implicam que os mesmos podem produzir um "high"- violam a legislação americana que regula os suplementos alimentares.
O FDA está correntemente investigando a produção e comercialização destes produtos contendo a efedrina. Todavia, agora o FDA tem que mostrar que um produto é não-seguro ("unsafe") para retirá-lo do mercado.
O FDA solicita que consumidores
e profissionais de saúde relatem (ao Governo) qualquer
injúria ou efeito adverso que tenham relação
com suplementos alimentares ou com qualquer produto contendo o
alcalóide efedrina.
TRAMADOL -dados sobre segurança. Nota do FDA publicado no J.A.M.A. 275 (16): 1224, 1996 e reproduzida no WHO Pharmaceutical Newsletter n 5/6, maio/junho 1996.
Cartas foram enviadas aos médicos e a outros profissionais de saúde alertando-os sobre novas informações sobre segurança que foram adicionadas nas bulas do analgésico narcótico tramadol.
As informações novas relacionam-se com o potencial para abuso, convulsões e reações anafilactoides produzidas pelo tramadol, o qual é aprovado para o tratamento de dor moderada a moderadamente-severa.
A carta enfatiza que médicos e pacientes deveriam entender e aderir às instruções de dosagem e de administração. As dosagens simples e diárias não deveriam ser excedidas na tentativa de aumentar o alívio da dor.
Nota. Como adquirir nosso material.
Caso haja interesse em receber cópias dos materiais citados neste Boletim, solicitamos depósito em conta bancária no valor de R$ 0,15 por página (já incluídas despesas de embalagem e correio), sendo que o valor mínimo para qualquer remessa postal é de R$ 5,00.
Mais uma da ABRAÇO (Associação Brasileira Comunitária e de Pais para a Prevenção do Abuso de Drogas) - ABRAÇO: o que é; como funciona; como criá-la em sua comunidade. Belo Horizonte, 1996 (21 páginas).
Livreto com 21 páginas, escrito por José Elias Murad, presidente da ABRAÇO, orientando as comunidades que desejem criar associações semelhante.
Caso haja interesse em receber cópias dos materiais citados neste Boletim, solicitamos depósito em conta bancária no valor de R$ 0,15 por página (já incluídas despesas de embalagem e correio), sendo que o valor mínimo para qualquer remessa postal é de R$ 5,00. Enviar correspondência discriminando o material desejado, juntamente com cópia do depósito bancário, para:
Rua Botucatu, 862 - 1o. andar
CEP 04023-062 - São Paulo - SP
Conta Corrente no. 9.319-X
Agência 0300-X - Banco do Brasil