DEPARTAMENTO DE PSICOBIOLOGIA |
Data da última atualização desta página: 15 de maio de 1995
Técnicos Responsáveis:
Solange A. Nappo
E.A. Carlini
Número 20 - Março/95
EDITORIAL
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1 - O Boletim CEBRID tem maior divulgação!
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O nosso Boletim acaba de ser incorporado à rede INTERNET (que atinge mais de 40 milhões de pessoas no mundo), graças a cooperação do Centro de Informática em Saúde da Escola Paulista de Medicina (CIS-EPM), agora Universidade Federal de São Paulo.
O nosso Boletim já esta disponível aos usuários da Internet através do servidor WWW da Escola Paulista de Medicina (www.epm.br) no endereço: "http:/www.epm.br/psico".
O Boletim CEBRID também esta sendo divulgado através do Disque-Drogas Eletrônico do IMESC (Instituto de Medicina Social e Criminologia) da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo. O Disque-Drogas Eletrônico pode ser acessado por meio do Canal Vip nos telefones 889-7222 e 884-8800. Funciona 24 horas por dia, a partir de qualquer ponto do Pais e do Exterior.
Também estamos sendo reproduzidos pelo JAMB, o Jornal da Associação Medica Brasileira. A cada numero deste Jornal (mensal) um terço de nosso Boletim (trimestral) será reproduzido, atingindo cerca de 100.000 médicos em todo o Brasil.
MUNDO CÃO! MUNDO LOUCO!
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2 - Oh xente! Ligante na Bahia?
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Surgiu na Bahia! Uma beberagem muito doidona que foi batizada de ligante ou ligotante. É fabricada clandestinamente em fundo de quintal e galpões suburbanos, a base de aguardente mais comprimidos de Rohypnol (um benzodiazepinico contendo flunitrazepam). A Vigilância Sanitária da Bahia também detectou a presença de metanol na tal bebida, possivelmente porque a mesma pode ser "enriquecida" com álcool de postos de gasolina que, como sabemos, contem certa porcentagem deste perigoso produto, o metanol.
No dia 22/02/95 o Diário Oficial da Bahia publicou noticia de que uma determinada marca de café espalhou enormes outdoors por Salvador com a frase: Tome Ligante, seguida do nome comercial do tal café. Denunciada tal "criativa" propaganda pela Vigilância Sanitária do Estado, a Delegacia de Defesa do Consumidor determinou a retirada dos cartazes e indiciou os responsáveis. No dia seguinte já havia novos outdoors espalhados na cidade com a frase: Cura ressaca e novamente seguido do nome do café.
Sem dúvida, a Vigilância baiana funciona.
Mas a criatividade dos nosso irmãos baianos não parece ter fim. Agora a nova moda e uma tal de Capeta feita a base de vodka, guaraná em pó, leite condensado, cravo, canela, etc.
PUBLICAÇÕES CIENTIFICAS
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3 - Um livro fascinante. Guido Fonseca: "O submundo dos Tóxicos em São Paulo (séculos XVIII, XIX e XX). Editora Resenha Tributaria Ltda. São Paulo, Maio 1992.
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Raramente encontra-se literatura sobre as drogas indutoras de abuso que seja de leitura agradável. Geralmente são massudos textos com material acentuadamente técnico que faz pesar as pálpebras mesmo do pesquisador interessado no assunto.
Por isto contrasta marcantemente o livro do Delegado de Policia Guido Fonseca, ha muito tempo estudioso dos aspectos históricos do abuso de drogas em nosso meio.
O livro e um vivo exemplo de que através da historia passada podemos aprender fatos úteis para o presente. Escrito de maneira muito agradável e baseado na literatura existente na época, as paginas, a medida que vão sendo lidas, vão nos encantando pelos fatos descritos.
Apenas para citar, o primeiro capitulo traz a interessantíssima historia da proibição do controle da venda do ópio na cidade de São Paulo no século XVIII.
Em resumo, no dia 9 de fevereiro de 1737 e publicado um edital da Câmara de São Paulo o qual proibia aos que não fossem médicos, boticários ou cirurgiões vender em seus estabelecimentos varias substancias venenosas entre as quais o ópio.
Entretanto, tão logo a proibição foi publicada, algumas pessoas, sentindo-se prejudicadas em seus negócios, tendo a frente um tal Manoel Veloso, peticionaram ao Ouvidor Geral, dizendo que desde muito já vendiam "remédios de botica tanto por peso grosso, como miúdo", e que a proibição contrariava "o bem comum e do comercio". Não sendo atendidas representaram ao Rei D. João V o qual em ordem real de 24 de Abril de 1738 ordenou a Capitania de São Paulo: "Me pareceu ordenar-vos se observe o estilo antigo sobre esta matéria e que corra livre o comercio destas drogas e gêneros como os suplicantes requerem".
E desta maneira por decisão de Sua Majestade D. João V, o ópio continuou a ser vendido livremente em São Paulo, no século XVIII.
E interessante notar que mais de 200 anos depois, mais precisamente em fevereiro de 1995 a Justiça brasileira concedeu uma liminar a uma empresa farmacêutica permitindo-lhe continuar a comercializar o Elixir paregórico apesar de uma proibição do Ministério da Saúde. Este Elixir e uma preparação de ópio.
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4 - Novo Colega: CMPD Informa, Boletim Informativo do Conselho Mardespanhense de Prevenção as Drogas, no 1, Fevereiro 1995.
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O CEBRID saúda este novo veiculo batalhador para a causa do controle do uso indevido de droga. Este primeiro numero conta a historia do Conselho da cidade de Mar de Espanha de Minas Gerais. Endereço: boletim do Conselho: Av. Bueno Brandão, 69 - Centro. Mar de Espanha - CEP 36.640-000.
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5 - Correio IMESC (Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo), no 6 e 7, Janeiro e Fevereiro 1995
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Continua em dia a publicação deste interessante informativo do IMESC. Nestes dois números, como nos anteriores, ha resumo do noticiário da imprensa sobre drogas, mostrando a enorme preferencia da mídia de São Paulo para as drogas ilícitas quando o grande uso não-médico e de drogas licitas (medicamentos e solventes). São ainda comentados aspectos de prevenção no Brasil e EUA e um sumario sobre Drogas na União Européia.
Endereço do IMESC: Rua Antônio de Godoy, 88 - São Paulo/SP.
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6 - O TREM. Boletim do CIMUD - Centro de Investigação Multidisciplinar do Uso de Drogas. Fundação Faculdade de Medicina. São José do Rio Preto - SP
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Mais um numero deste Boletim, no 6, Marco de 1995. Como nos anteriores, assuntos de relevância para o momento são analisados: "Repressão ou Legalização"; "Solventes ou Inalantes"; "Drogadicao" e "Uso de Drogas entre Médicos dos E.U.A.". Endereço do CIMUD:
Funfarme, Rua Santa Margarida Alacoque, 161, São José do Rio Preto, SP.
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7 - Boletins do Peru. Nexo Internacional no 6 e 7 (Junho e Agosto 1994) e Informativo Internacional no 8, 9, 10 e 11 (Agosto, Setembro, Outubro e Novembro de 1994).
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Publicações do CEDRO (Centro de Informacion Y Educacion para la Prevencion del Abuso de Drogas), contendo artigos e resumos de assuntos pertinentes, como por exemplo: "Vigilância Epidemiológica em Medelin"; "A Lavagem do Dinheiro"; "Drogas, Violência e Ecologia"; "Lideres Naturais para a Prevenção"; "Consumo de Bebidas Alcoólicas no Chile"; "Comunidade Terapêutica na Colômbia"; "A Saúde do Adolescente"; "O Problema de Coca no Peru"; e muitos outros.
Endereço do CEDRO: Roca y Bolona 271 - Miraflores - Lima 18 - Peru.
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8 - Folhetos ("folders") do CEBRID sobre Drogas tem nova edição.
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Em 1993 o CEBRID tirou a primeira edição de seus folhetos educativos destinados principalmente a alunos a partir da 6a serie do primeiro grau.
Em vias de esgotamento, a COSAM - Coordenadoria de Saúde Mental/Secretaria de Assistência a Saúde do Ministério da Saúde, através do Projeto Nordeste, lança agora uma segunda Edição, assegurando aos interessados copias deste material.
A coleção compreende os seguintes folhetos: "O que são Drogas Psicotrópicas", "Anfetaminas", "Cocaína", "Calmantes e Sedativos", "Solventes ou Inalante", "Tranqüilizantes ou Ansiolíticos", "Xaropes e Gotas para Tosse", "Ópio e Morfina", "Maconha", "Anti-Colinérgicos", "Cogumelos e Plantas Alucinógenas", "Perturbadores (Alucinógenos) Sintéticos)".
Exemplares dos folhetos poderão ser obtidos no CEBRID (Rua Botucatu, 862 - 1o andar - CEP 04023-062 - São Paulo - SP) ou na COSAM (SAS - Quadra 04 - Bloco N - 10o Andar - CEP 70058-902 - Brasília - DF).
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9 - Pesquisa da UDED (Unidade de Dependência de Drogas do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina): Alcohol dependence criteria in DSM-III-R: presence of symptoms according to degree of severity. Addiction 89, 1129-1134, 1994.
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Mais um trabalho do Departamento de Psicobiologia, publicado numa das mais importantes revistas cientificas mundiais, desta vez da UDED. Os autores verificaram que independente da severidade da dependência do álcool, três dos nove critérios da DSM-III-R tem alta probabilidade de ocorrência: "beber excessivo"; "desejo ou esforços para parar de beber"; "beber apesar de graves problemas").
Copias do artigo, solicitar ao CEBRID.
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10 - Pesquisas do CEBRID: Drug and alcohol use and family characteristics: a study among Brazilian high-school students. Addiction 90, 65-72, 1995 (8 paginas).
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Trata-se de trabalho de pesquisadores do CEBRID da Escola Paulista de Medicina, publicado nesta importante revista. Em síntese, entre as características, a violência no ambiente familiar e o fator mais freqüentemente associado com o comportamento de usar drogas e/ou álcool.
Copias do artigo, solicitar ao CEBRID.
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11 - Pesquisa do CEBRID: A mídia na fabricação do pânico de drogas: um estudo no Brasil. Comunicação & Política 1, 217-230, 1995 (14 paginas)
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Tomando como suporte de analise matérias publicadas em jornais brasileiros - principalmente O Estado de São Paulo -, o trabalho investiga a maneira segundo a qual a mídia impressa contribui na construção daquilo que os autores chamam de "pânico de drogas" no Brasil. Vasculhando arquivos jornalísticos que compreendem o período de 1960 a 1989, a pesquisa leva em conta três parâmetros principais: dados epidemiológicos brasileiros, o contexto político e o aparecimento de ondas de pânico contra as drogas em países mais desenvolvidos. Os autores detectam, ao longo do período estudado, uma mudança no tratamento dado a questão das drogas nos jornais brasileiros, que passaram a ser cada vez mais alarmistas quanto ao uso de tóxicos.
Copias do artigo, solicitar ao CEBRID.
LEGISLAÇÃO
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12 - Suíça: Política de Combate ao Uso e Trafico de Entorpecentes
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O CEBRID recebeu extenso relatório sobre a situação das drogas na Suíça. Por tratar-se de material de muito interesse para nos, resolvemos reproduzir trechos do documento.
O assunto naquele pais e tratado pela Seção sobre Drogas da Divisão de Promoção da Saúde, integrada ao Escritório Federal de Saúde Publica.
A base legal sobre a qual se assenta o controle de tóxicos ou drogas neste pais e a "Lei Federal sobre Estupefacientes", promulgada em 1951 e parcialmente revista em 1975. Seu texto estabelece a ilegalidade, sujeita a penas previstas, tanto da produção e comercio quanto do consumo de entorpecentes. Essa legislação que tem por fundamento convenções internacionais na matéria, não pode ate o momento ser reelaborada em razão da inexistência do indispensável consenso nacional sobre sua atualização. De toda forma, no que tange as penalidades sobre o consumo, não tem sido elas observadas de forma efetiva. Dai a permanência durante longo período, mais de vinte anos, dos "espetáculos" abertos do consumo, como a Praça de Zurique.
No inicio de fevereiro, por exemplo, foi fechada pela Policia de Zurique a área de Letten naquela cidade, onde se concentravam dependentes que, publicamente, consumiam tóxicos. As TVs de todo mundo, ate então divulgavam cenas mostrando os dependentes que se injetavam com heroina. Em 18 de fevereiro, em Berna, por iniciativa das pastas do Interior e da Justiça e Policia organizou-se uma Conferencia Nacional com participação de representantes do Governo, em nível central e cantonal, de especialistas, ONGs, pais de toxicômanos e ex-dependentes - para examinar a problemática.
Ate 1990, praticamente inexistia uma política federal de combate ao consumo de entorpecentes, cabendo a cada cantão agir conforme orientação própria. Assim historicamente, os cantões alemães sempre foram mais liberais na aceitação, mesmo ostensiva, do consumo: a exibição publica e chocante do vicio serviria de exemplo no combate a potenciais interessados em iniciar-se no consumo, em vista do aspecto patético do drogado em ação. Esta política liberal, especialmente dos cantões de expressão alemã teve como efeito o crescimento do consumo ao longo do tempo, ate atingir certa estabilização, iniciada a partir dos anos noventa. Então registrou-se alteração da diretriz governamental, que deve ser vista em contexto abrangente, pois datam do inicio da presente década uma serie de medidas jurídicas e policiais que visaram a combater igualmente o contrabando, a comercialização e a lavagem de dinheiro, proveniente também do trafico, nas instituições bancarias suíças.
A nova estratégia em nível federal, que visa a orientar as autoridades cantonais de forma participativa, repousa sobre quatro pilares: prevenção entre jovens, redução nos riscos (falta de inserção social, AIDS, hepatite, etc.) ligados ao consumo de drogas em condições ilegais, terapia para toxicômanos interessados e repressão contra traficantes e crime organizado. O tema consumo ganhou, ademais, nova e maior dimensão com o lançamento em 1994 de duas iniciativas populares antagônicas, a saber:
"Jeunesse sans drogue", totalmente repressiva, e a "Droleg", que propõe a legalização do consumo. Como se sabe, o sistema constitucional suíço prevê que a chamada "iniciativa popular", após satisfazer as exigências institucionais previstas, resulta em consulta popular que decide sobre sua aceitação ou rejeição pelo povo, permitindo, no caso, uma alteração legislativa.
O lançamento dessa iniciativa levou o Conselho Federal, apoiado pelos três peritos nele representados, a encarregar os chefes (Ministros) dos Departamentos federais do Interior e da Justiça e Policia a examinar o assunto, abordando todas suas implicações. Esse exame, em vista também das peculiaridades do sistema suíço, exigiu um trabalho de ampla consulta das autoridades competentes, em níveis federal e cantonal, junto a partidos políticos, administrações governamentais, instituições especializadas, população, etc.
Essa consulta redundou em um documento de base, com apoio de 90% dos entrevistados, em que se propõem uma terceira alternativa
e aponta para o aprofundamento das diretrizes estabelecidas sobre os quatro pilares mencionados acima. E, pois esse trabalho que orientara, doravante, os debates entre governo e sociedade sobre o tema. A primeira grande discussão a respeito ocorreu, como dito acima, com a conferencia de 18 de fevereiro.
O consumo de tóxicos na Suíça representa problema serio em termos comparativos. A proporção de toxicômanos neste pais e bastante superior a outros países europeus, em especial Holanda e Alemanha. Atualmente na Suíça, registra-se pelos dados oficiais numero de 30 mil dependentes, dos quais doze mil seguem tratamento assistencial, baseado na distribuição de metadona. Essa estratégia já existe ha cerca de vinte anos. No presente, 250 pessoas estão submetidas a tratamento com a distribuição de heroina, em experiência iniciada ha três anos, que não permite ainda aferir resultados. Esse tipo de terapia e destinada a pacientes que não obtiveram êxito, após ao menos duas tentativas, com a utilização de metadona. A terapia envolvendo a distribuição de heroina e considerada arriscada pelo "International Narcotic Control Board - INCB", com sede em Viena, que recomenda acompanhamento cientifico da experiência pela Organização Mundial da Saúde.
Salienta-se que a grande maioria dos dependentes suíços consome vários tipos de droga, mas quase todos tomam a heroina. Os consumidores de cocaína e outras drogas não tem representado problema real para a sociedade e, por essa razão, a eles não se destina nenhum programa especifico. A expressiva maioria dos toxicômanos inicia suas experiências na faixa dos 17-18 anos, concentrando-se os dependentes na idade intermediária de 20-30 anos.
As despesas atuais anuais conjuntas da Confederação e dos Cantões com programas assistenciais montam a cerca de US$ 208 milhões; são gastos mais/menos US$ 417 milhões com atividades judiciais e policiais de repressão.
A questão do consumo de tóxicos e um problema sensível na sociedade suíça sobre o qual a experiência de mais de vinte anos permitiu colher dados importantes e orientar uma estratégia que, nos últimos quatro anos, tornou-se incapaz de reduzir a quantidade de consumidores, viabilizou a estabilização do numero de dependentes. Trata-se ao menos nesse sentido de experiência valida.
EPIDEMIOLOGIA
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13 - Atendimento ambulatorial de dependentes na ABRACO (Associação Brasileira Comunitária e de Pais para a Prevenção do Abuso de Drogas). Belo Horizonte, janeiro e fevereiro de 1995.
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Recebemos da ABRACO e agradecemos o relatório dos meses de janeiro e fevereiro deste ano.
Em janeiro foram atendidos 85 pacientes havendo 136 consultas. Vinte e dois dos pacientes do sexo feminino e 63 do masculino. Dezesseis pacientes com idade inferior a 18 anos e 33 com idade entre 18 e 30 anos.
No mês de fevereiro os números foram 79 pacientes e 171 consultas, sendo 58 pacientes do sexo masculino e 48 com idade inferior a 30 anos. Neste mês foram ainda realizadas cinco reuniões ou palestras, atingindo 81 pessoas (mães e professores).
Copias xerox do relatório (7 paginas) podem ser obtidas do CEBRID.
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14 - O maior Estudo Mundial sobre a Cocaína feito ate agora!
Press Release WHO/20 - 14 de marco de 1995.
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Em 90 paginas, nas quais citam-se todos os 19 países e 22 cidades onde o estudo foi realizado (no Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente pelo CEBRID e NEPAD), a OMS da a primeira noticia deste magno estudo. Uma das conclusões:
"Uma das principais conclusões e que não existe o "usuário médio de cocaína" ("average cocaine user"): existe uma variedade enorme de tipos de pessoas que usam cocaína, de quantidade de droga utilizada, de freqüência do uso e duração, de intensidade de uso, de razoes para uso e de problema que os usuários apresentam".
Copias xerograficas podem ser obtidas do CEBRID (90 paginas).
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15 - Uso do "crack" em São Paulo: fenômeno emergente?
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Como parte da pesquisa mundial sobre cocaína, o CEBRID investigou através de técnica qualitativa (pesquisa etnográfica) as características dos usuários de crack. Este e o primeiro trabalho cientifico brasileiro onde o uso do crack e estudado por esta técnica (Nappo, S.A., Galduroz, J.C.F. e Noto, A.R. Revista ABP-APAL 16(2): 75-83, 1994..
O trabalho que faz parte do relatório mundial da OMS (ver item 14 deste Boletim) tem a seguinte conclusão:
"Este estudo aponta para o crack como uma das formas mais arrasadoras do uso da cocaína.
Jovens com menos de 20 anos pertencentes a diferentes classes sociais, com predominância da classe baixa, são os consumidores preferenciais. Entre eles, o crack e classificado como uma droga anti-social e egoísta que os leva a um isolamento social. A paranóia que se instala gera medo e suspeita das pessoas, o que contribui para esse isolamento e confinamento a locais fechados. O usuário rapidamente tem ruptura de caráter. A mentira passa a fazer parte de seu discurso, que associada a desconfiança pode gerar agressividade e ate violência.
A compulsão para o uso da droga (fissura) parece ser mais forte que a desenvolvida pela cocaína nas outras formas de consumo (aspirada, injetável), impedindo qualquer uso controlado. Em menos de um mês, instala-se a dependência, que para muitos traz também a necessidade de roubar e/ou de prostituir-se para sustentar o vicio.
A degradação física e outra característica do usuário de crack. Ele perde peso logo no inicio do consumo, passando a não mais cuidar do seu corpo, deixando de lado os princípios básicos de higiene.
Devido a essas características, o crack parece ser incompatível com qualquer modo tradicional de vida (trabalho, estudo, relacionamento amoroso, etc.), marginalizando totalmente o indivíduo que dele faz uso.
A forma "sedutora" com que se apresenta o uso do crack, ou seja: leve (e apenas fumado); não necessitando de seringas e agulhas que para muitos constituem-se em violação ao próprio corpo; a não transmissibilidade do HIV pela via pulmonar; e os poderosos efeitos alcançados em segundos, são fatores preditivos de aumento cada vez maior do consumo dessa droga em São Paulo, podendo transfomar-se num problema emergente de saúde publica a curto prazo.
Os autores deste trabalho acreditam que as campanhas de prevenção ao abuso de drogas desenvolvidas para São Paulo, que em relação a cocaína tem enfocado apenas seu uso endovenoso, devem ser urgentemente revistas no sentido de que o crack também seja abordado, descaracterizando esse uso aparentemente inofensivo.
Copias xerox do artigo (09 paginas) podem ser obtidas do CEBRID.
EVENTOS CIENTÍFICOS
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16 - Congresso Internacional Drogas y Alcohol: Intervencion en la familia y en el trabajo. 27 a 30 de Abril, Medellin, Colômbia.
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Tem como objetivo atualizar os participantes sobre os últimos avanços da investigação, prevenção e tratamento do alcoolismo e farmacodependência nas áreas de familia e do trabalho. Pretende também gerar novas propostas para a intervenção integral do problema de drogas de abuso.
São previstos os seguintes temas gerais:
Informações:
SURGIR
Calle 55 no 45-30
FAX (4) 513-1329
Medellin - Colômbia
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17 - XI Congresso Brasileiro de Alcoolismo e outras Dependências
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Será realizado entre 10 e 14 de maio de 1995, no Minascentro em Belo Horizonte o Congresso Bienal da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras drogas. Participarão do evento, proferindo palestras e ministrando cursos:
Convidados do exterior:
Convidados nacionais:
E.A. Carlini
Mesas redondas
Vários especialistas de todo o pais participarão de 18 mesas-redondas abordando temas como: AIDS, Tabagismo, Política de Drogas, "Crack", Uso de drogas na infância e adolescência, Abandonos e Recaída, Organização de Serviços, Tratamento das complicações orgânicas, Empresas, Como lidar com o uso abusivo de drogas em populações especificas (mulheres, crianças de rua, idosos), Tratamentos para dependência de drogas, Familia, Aspectos neuropsicologicos e avaliação cognitiva, Diagnostico e co-morbidade das dependências, O Álcool e as drogas na mídia e Pesquisa em dependência de drogas.
Inscrições
Deverão ser feitas junto a empresa organizadora do Congresso:
IBETUR - R. do Ouro, 424 Serra - Belo Horizonte MG CEP 30220-000 Fone: (031) 227-7787 fax (031) 227-8211
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Nota: Como adquirir nosso material
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Caso haja interesse em receber copias dos materiais citados neste Boletim, solicitamos deposito em conta bancaria no valor de R$ 0,15 por pagina (já incluídas despesas de embalagem e correio). Enviar correspondência discriminando o material desejado, juntamente com copia do deposito bancário, para:
CEBRID, Rua Botucatu, 862 - 1o Andar
CEP 04023-062 - São Paulo - SP
Conta corrente no 9.319-X, agencia 0300-X - Banco do Brasil.