Conceito

O Processo de Enfermagem conhecido no Brasil como Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) ou Metodologia da Assistência de Enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro que norteia as atividades de todos da equipe de enfermagem. É composta por etapas inter-relacionadas segundo a Lei 7498, de 25/06/1986 que é a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem.(6)

A Resolução 272/2004 dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - nas instituições de saúde brasileiras e considera que a SAE, sendo atividade privativa do enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência de Enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. (38)

O processo de enfermagem é um método para a organização e prestação do cuidado de enfermagem. Fornece estrutura para a tomada de decisão durante a assistência de enfermagem, tornando-a mais intuitiva.(35)

O processo de cuidar em enfermagem, ou processo de enfermagem, entendido como um instrumento metodológico que nos possibilita identificar, compreender, descrever, explicar e/ou predizer como os clientes respondem aos problemas de saúde ou aos processos vitais, e determinar que aspectos dessas respostas exigem uma intervenção profissional de enfermagem, implica na existência de alguns elementos que lhe são inerentes(15). Para o Conselho Internacional de Enfermeiros(23), esses elementos são: o que os profissionais de Enfermagem fazem (ações e intervenções de enfermagem), tendo como base o julgamento sobre fenômenos humanos específicos (diagnóstico de enfermagem), para alcançar os resultados esperados (resultados de enfermagem).

Para isto, o Processo de Enfermagem é um modo organizado de prestar o cuidado ao cliente e é composto por cinco etapas: Histórico de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Planejamento de Enfermagem; Intervenção de Enfermagem; Avaliação de Enfermagem.(47)

A estrutura do processo de enfermagem segue um modelo lógico e efetivo para executar e documentar tanto os dados relativos aos pacientes que irão subsidiar a prática de enfermagem como a execução de procedimentos. Ele é dinâmico e as etapas são necessárias para garantir a realização da assistência de enfermagem individualizada, ampla e com qualidade.

Existem diversas terminologias para a implementação do processo de enfermagem, tais como, NANDA (Associação Norte-Americana de Diagnósticos de Enfermagem), NIC (Classificação das Intervenções de Enfermagem), NOC (Classificação dos Resultados de Enfermagem), CIPE (Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem), entre outros.

Neste website será enfocado a CIPE.

A CIPE significa Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem e foi aprovada pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) e pelo Conselho dos Representantes Nacionais (CRN) em 1989 em Seul, Coréia do sul. Existia a necessidade de descrever a prática de enfermagem para financiamento do cuidado de saúde além de que, a prática de enfermagem deveria conter prática, pesquisa, educação e implicações das decisões políticas(23). Até a primeira publicação da CIPE, já surgiram diversas versões e a mais recente é a versão 1.

A visão da CIPE é ter dados de enfermagem disponíveis e utilizáveis nos sistemas de informação em saúde no mundo(23). Ou seja, todos podem ter em mãos os dados que se deseja sobre determinado paciente em qualquer momento.

A missão é desenvolver e manter relevante, útil e saúde no mundo. Existem quatro objetivos estratégicos articulados para a CIPE que são:

    - Desenvolver um programa CIPE com componentes e produtos específicos;
    - Manter atualizada para que continue a refletir a prática de enfermagem;
    - Obter utilização da CIPE por comunidades nacionais e internacionais;
    - Assegurar que a estrutura da CIPE seja compatível com outras classificações utilizadas e com o trabalho de grupos de padronização na saúde e em enfermagem.

Entre os propósitos da CIPE, está, fornecer um instrumento para descrever e documentar a prática clínica de enfermagem, usar um instrumento como base para a tomada de decisão e fornecer à enfermagem um vocabulário e um sistema de classificação que possa ser utilizado para incluir dados de enfermagem nos sistemas de informação computadorizados.

Da primeira publicação da CIPE até os dias atuais, já surgiram diversas versões e a mais recente é a versão 1. Esta versão surge como um recurso que pode acomodar vocabulários já existentes para desenvolver novos vocabulários fazendo uma relação entre conceitos e vocabulários.

A versão 1 é composto pelo modelo dos 7-eixos que formarão os diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem(23). Estes eixos são:

    - Foco: Área de atenção, que é relevante que é relevante para a enfermagem. Ex.: Dor, vômito, pele seca, ferida da pele, úlcera de pressão.
    - Julgamento: Opinião clínica ou determinação relacionada ao foco da prática de enfermagem. Ex.: Nível aumentado, comprometida, risco.
    - Cliente: Sujeito ao qual o diagnóstico se refere e que é o recipiente de uma intervenção. Ex.: família, indivíduo, recém-nascido, criança, idoso, cuidador.
    - Ação: Um processo intencional aplicado a um cliente. Ex.: Posicionar, cobrir, ensinar.
    - Meios: Maneira ou método de desempenhar uma intervenção. Ex.: Bolsa de urina, máscara, curativo de ferida, bandagem.
    - Localização: Orientação anatômica e espacial de um diagnóstico ou intervenções. Ex.: esquerda, anterior, perna.
    - Tempo: Momento, período, instante, intervalo ou duração de uma ocorrência. Exemplos: Crônico, manhã, sempre.