O conceito de sala de recuperação tem as suas raízes na época de Florence Nightingale e durante os últimos 50 anos, o papel da área de recuperação pós-anestésica tem evoluído.(4)
A Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) também chamada de Unidade de Cuidado Pós-Anestésico foi criada inicialmente para permitir, detectar e tratar precocemente as possíveis complicações relacionadas com o ato anestésico ou cirúrgico. A visão estática e tradicional desta área criada com o objetivo único de tratar complicações anestésicas ou cirúrgicas foi ultrapassada, surgindo a necessidade de encarar estas unidades como elos de ligação dinâmicos entre a cirurgia e a alta hospitalar.(19)
Devido à complexidade do controle anestésico, os enfermeiros lotados na SRPA devem ser bem treinados, com experiência em prevenir, reconhecer e controlar imediatamente as complicações pós-operatórias.(41)
Além da equipe de enfermagem, também está inserido na SRPA, o anestesiologista que segundo o parecer do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará - CREMEC Nº 10 de 18/07/2005, é obrigatório a presença de um médico plantonista na sala de recuperação pós-anestésica.
A Resolução do Conselho Federal de Medicina N.º1.802/2006 dispõe sobre a prática do ato anestésico revogando a Resolução CFM N.º1363/1993. Consta no Artigo 4 que após a anestesia, o paciente deverá ser encaminhado a SRPA ou para a Unidade de Terapia Intensiva de acordo com o caso acompanhado pelo anestesiologista que realizou o procedimento anestésico. Informa ainda que a alta da SRPA é de responsabilidade do anestesiologista.(39)
Ainda segundo esta Lei, no inciso 4º, na SRPA, desde a admissão até o momento da alta, os pacientes deverão permanecer monitorizados quanto(40):
Para tal monitorização descrita acima pela equipe de enfermagem e médica, são utilizadas escalas numéricas para o acompanhamento e avaliação dos parâmetros de circulação, respiração, consciência, atividade e saturação de oxigênio.
Existem diversas escalas como, o ABC da recuperação anestésica de Salem (1988), onde ele propôs uma escala que avalia três parâmetros clínicos: vias aéreas, comportamento e consciência. Para a alta da SRPA, o paciente deve adquirir uma pontuação mínima de 8. Outra escala numérica, é a de Carigin, Keeri-Szanto e Lavelle (1964) que utiliza parâmetros como circulação, respiração, sistema nervoso central, gastrintestinal e renal. A escala numérica mais utilizada atualmente é a de Aldrete e Kroulik (1970) que contempla itens como circulação, respiração, consciência, atividade e saturação de oxigênio. Segundo esta escala, o critério para a alta da SRPA é que o paciente obtenha uma pontuação entre 8 e 10. (41, 22)
Esta mesma resolução do Conselho Federal de Medicina N.º1.802/2006 lista os equipamentos, instrumentais, materiais e fármacos que obrigatoriamente devem estar disponíveis no ambiente onde realiza qualquer anestesia, assim como, na SRPA. O anexo I contém as fichas que fazem parte obrigatória da documentação da anestesia, são elas:
Ainda sobre as normas para a SRPA, a Resolução - RDC nº50 regulamentada pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de 21 de fevereiro de 2002 dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde contemplando a SRPA. (27)
Esta Resolução também diz que os casos que não forem descritos na RDC n.º50 devem ter como complementares as seguintes normas:
A área de recuperação pós-anestésica é citada no segundo capítulo desta norma no que se refere à organização físico-funcional nas atribuições de estabelecimentos assistências.
Também é necessário fazer uma avaliação da qualidade da assistência no serviço através do seguimento da mortalidade/morbidade, da adequação de vigilância e monitorização ao risco cirúrgico, da avaliação dos métodos de analgesia pós-operatória, entre outros. Como exemplos de indicadores de qualidade a serem monitorizados num programa de controle de qualidade no período pós-operatório são: analgesia pós-operatória, cefaléias pós-punção peridural, respiração mecânica prolongada/não-prolongada, reintubações traqueais, índice de infecções, mortalidade, permanências curtas ou longas na SRPA, readmissões na SRPA e/ou reclamações de pacientes ou familiares.(30)