A assistência de enfermagem na SRPA inicia com a admissão do paciente neste setor. Segundo a RESOLUÇÃO CFM N° 1.802/2006, o transporte do paciente da sala de cirurgia para a SRPA deve ser realizado de forma segura evitando possíveis complicações, devendo ser realizado pelo anestesiologista e um membro da equipe de enfermagem com, se necessário, suplementação de oxigênio e oximetria de pulso. (40)
Este período é considerado crítico, pois os pacientes podem estar inconscientes, entorpecidos e com diminuição dos reflexos necessitando de uma assistência de enfermagem e médica especializada.
Para esta assistência é necessário a utilização de materiais e equipamentos, assim como uma assistência voltada para a individualidade de cada paciente, desde a admissão até a alta da unidade. (45)
A avaliação do paciente no período pós-operatório ao ser admitido na SRPA inicia com a adequada verificação das vias aéreas e circulatórias. (41)
As vias aéreas são examinadas quanto à permeabilidade, oferecendo oxigênio umidificado se for necessário e a observação do ciclo respiratório. Deve instalar o oxímetro de pulso para verificação de saturação de oxigênio e pulso periférico, além do monitor cardíaco para verificar a freqüência e o ritmo cardíaco. (41)
Entre os cuidados pós-anestésicos prestados ao paciente incluem avaliações freqüentes, intervenções, e acompanhamento das funções respiratórias e cardiovasculares, estado de hidratação, funções neuromusculares, estado mental, náuseas e vômitos, drenagem e sangramento, e débito urinário. (17)
O enfermeiro do centro cirúrgico deve comunicar com antecedência a equipe da SRPA às condições do paciente e se será necessário a utilização de equipamentos, como, ventilador mecânico garantindo a qualidade da assistência a ser prestada.
A American Society of PeriAnesthesia Nurses (ASPAN)(41) recomenda que o registro de enfermagem referente ao período pré e trans-operatório contenha as seguintes informações:
Todos estes dados são importantes para que o enfermeiro sistematize a assistência prestada a estes pacientes quando são admitidos na SRPA evitando complicações. Desta forma, o registro correto em um instrumento específico dos parâmetros clínicos do paciente em recuperação pós-anestésico e cirúrgico é a melhor forma para subsidiar o planejamento da assistência de enfermagem na SRPA.
Este registro está inserido nas etapas da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatório que, desde 2000, é obrigatório no Estado de São Paulo de acordo com a Decisão COREN-SP/DIR/008/99. Porém, existem diversos relatos de dificuldade das instituições hospitalares em implantá-lo.
A obrigatoriedade legal da inserção do processo de enfermagem neste tipo de paciente coincide com a seriedade com que o mesmo deve ser avaliado. Paciente em estado crítico, em pós-procedimento anestésico e cirúrgico, motivo pelo qual a equipe de enfermagem necessita dispor de informações corretas e pertinentes ao período perioperatório e, mais especificamente, da assistência de enfermagem prestada ao paciente na SRPA. (37)
Atzingen , Schmidt e Nonino (2008) propuseram um instrumento para a avaliação do paciente em pós-operatório imediato na SRPA devido a necessidade de intervenção precoce, visando diminuir a incidência de complicações neste período, seguindo a mesma lógica do ABCDE do Trauma. (3)
Outro instrumento de registro para avaliação do paciente na SRPA foi desenvolvido e validado por Cunha e Peniche (2007) quanto ao conteúdo e forma de apresentação. Porém, as mesmas autoras sugerem que seja realizada adequação de acordo com o tipo de instituição e do paciente atendido no centro cirúrgico. (12)
Outras informações como ASA, condição das vias aéreas, presença de sondas, drenos e cateteres; acessos venosos também devem ser registrados no prontuário do paciente. (41)
Este período requer avaliação e assistência constante devido a maior vulnerabilidade e instabilidade em decorrência das drogas anestésicas e do procedimento cirúrgico. Esta avaliação oferece informações para o planejamento e a implementação da assistência de forma segura e eficaz. Compete ao enfermeiro considerar os seguintes fatores de risco existentes: (45)
Em relação ao estado emocional, a identificação de sentimentos e necessidades dos pacientes no período pós-operatório imediato proporciona uma reflexão sobre a forma de atuação da equipe de enfermagem na SRPA e a implantação de estratégias que facilitem o relacionamento enfermeiro-paciente, o ensino dos procedimentos anestésico-cirúrgicos que são fundamentais para a diminuição do medo e ansiedade e a obtenção de informações essenciais. (42)
Foi realizada uma pesquisa de Panossian et al (2008), cujo objetivo era avaliar a associação entre o uso da manta térmica no intra-operatório de pacientes submetidos à prostatectomia radical e o tempo de permanência na SRPA. Eles constataram que houve diferença estatística significativa na média de tempo de permanência na recuperação pós-anestésica entre os grupos estudados, sendo maior nos pacientes em que a manta térmica não foi utilizada no período intra-operatório, ou seja, aqueles pacientes que utilizaram a manta térmica durante o intra-operatório permaneceram na SRPA em média 139,66 minutos e os que não utilizaram a manta térmica permaneceram na SRPA 208,28 minutos. (31)
Na tabela Nº.3 é descrito quais as condutas a serem realizadas na avaliação inicial de um paciente admitido na SRPA.
O exame físico também deve ser realizado na avaliação do paciente e deve contemplar a inspeção, ausculta, palpação e percussão junto como levantamento de dados sobre o estado de saúde do indivíduo e o registro das anormalidades encontradas. (45)
Em relação a frequência das avaliações é recomendado que durante a permanência do paciente na SRPA, a sua avaliação seja a cada 15 minutos na primeira hora, caso se apresente estável, a cada 30 minutos na segunda hora e a após, de hora em hora. Esta freqüência varia de acordo com a situação do paciente podendo ter intervalos menores do que o recomendado. (9)
São utilizadas escalas para facilitar esta avaliação do estado fisiológico dos pacientes submetidos ao procedimento anestésico-cirúrgico.
Para Peniche (1998) é necessário adicionar aos métodos de avaliação já existentes a construção de padrões e critérios de avaliação da assistência prestada em sala de recuperação anestésica ao paciente, bem como a validação dos mesmos, pois cada SRA precisa desenvolver seus próprios padrões e critérios consonantes com os objetivos da instituição. (33)
Entre estas escalas estão:
1. Índice de Aldrete e Kroulik
Desde 1970 que existe a preocupação com o paciente no período pós-anestésico, quando Aldrete e Kroulik, inspirados na escala de Apgar para o recém-nascido, propuseram um método de avaliação das condições fisiológicas dos pacientes submetidos a procedimento anestésico. (45,19)
Atualmente o Índice de Aldrete e Kroulik é o critério mais utilizado para avaliação do paciente em pós-operatório na SRPA. (3)
Este índice baseia-se na avaliação dos sistemas cardiovascular, respiratório, nervoso central e muscular. Cada resposta referente a cada item corresponde a uma pontuação que varia de 0 a 2 pontos. Após a avaliação de cada item, somam-se os escores, obtendo-se um escore total que significa alta ou permanência do paciente na SRPA. Desta forma, a máxima pontuação é de 10 pontos e o paciente estará apto para receber alta da SRPA quando atingir pontuação igual ou superior a oito pontos (9) . Isto é, o paciente deve estar acordado, responsivo, eupnéico, movimentando os quatro membros e com os sinais vitais estabilizados.
Abaixo está a escala do Índice de Aldrete e Kroulik:
Maneiras de como deve ser avaliado os parâmetros de acordo com o índice de Aldrete e Kroulik: (45)
2. Índice de Steward
Este índice utiliza apenas três itens sendo mais fácil sua utilização em pediatria tendo como objetivo de verificar os estágios de recuperação de crianças submetidas a procedimentos sob anestesia geral, pontuando os itens acima de zero a dois (11). O escore máximo possível para o índice de Steward é 6.
De acordo com a American Perioperative Room Nurses (43) os cuidados pós-operatórios, a monitorização e os critérios de alta devem ser consistentes para todos os pacientes. Devido a isto, o tempo de recuperação depende do tipo e da quantidade da sedação e/ou analgesia, do resultado do procedimento e do serviço. A avaliação pós-operatória consiste na verificação da freqüência respiratória e ritmo cardíaco, do nível de consciência, da saturação de oxigênio e da medida da pressão arterial, condições da ferida operatória, curativo, permeabilidade das vias de acesso e das drenagens e da avaliação do nível de dor do indivíduo. É de extrema importância que o enfermeiro reconheça os sinais e sintomas na prevenção e no impedimento dos problemas no pós-operatório. Desta forma, é importante que o enfermeiro ponha em prática a sistematização da assistência de enfermagem fazendo o histórico, diagnóstico, planejamento, intervindo e avaliando a resposta do paciente.
De acordo com o Padrão e Parâmetros de Prática (Aprovado pelo ASA Casa de delegados 12/10/1988, e emenda no dia 37/10/2004) o médico é responsável pela alta do paciente. Porém, deve haver consonância entre o anestesista e o enfermeiro da SRPA. Quando um escore de alta é utilizado na SRPA, este tem que ser aprovado pelo departamento de anestesiologia da instituição. A pontuação pode variar dependendo se o paciente receberá alta para o quarto do hospital, para a UTI ou para outra unidade de curto prazo ou casa. (46)
A alta também se dá através da avaliação do enfermeiro quando detecta a estabilidade das condições orgânicas do paciente, como: (45,9)
O enfermeiro deverá avaliar se as intervenções implementadas foram eficazes durante a permanência do paciente na SRPA.